14/07/2008

II Capítulo (2ª parte)

Sabia que Morpheu me lia os pensamentos, mas não conseguia evitar de pensar em como tudo me espantava naquele sítio. Não conseguia evitar a minha admiração e atracção pela beleza de Hipnos. Quando este se aproximou de nós, uma estranha calma se apoderou de mim tal como uma enorme vontade de me atirar para os seus braços. Morpheu permanecia a meu lado segurando-me pela cintura. Por outro lado sentir o seu toque no meu corpo lembrava-me o quanto eu me sentia bem com ele.

- Bem vinda- disse Hipnos.

-Obrigada – respondi enquanto pensava como este, com os seus olhos e cabelos doirados, me fazia lembrar o brilho do sol. Bocejei e senti-me sonolenta. Não resisti a perguntar:

-Tenciona adormecer-me? – Hipnos sorriu. O seu sorriso era tão belo como o de Morpheu

-Não. Só o farei se tu quiseres. Nada aqui será feito contra a tua vontade. Se Morpheu te acolheu como sua protegida nada farei contra ti. Mas é comum, as pessoas sentirem-se um pouco ensonadas na minha presença. - respondeu sem deixar de sorrir.

Sorri e respondi:

- Ainda bem. Sim tem razão. Deve ser comum uma simples mortal como eu sentir-se ensonada na sua presença. Mas apenas por ter o dom de nos adormecer. Não me parece que seja pela sua presença nos aborrecer.

Enquanto conversávamos vi chegar um jovem que usava um capacete com asas na cabeça, calçava sandálias aladas e na mão trazia um bastão em torno do qual se entrelaçam duas serpentes e cuja parte superior é adornada com asas. Consegui reconhecer Hermes, com algum temor. Afinal este era o mensageiro dos Deuses e aquele que acompanhava as almas até ao Hades. Mas logo Morpheu me dissipou os temores:

-Não temas. Hermes vem falar comigo. - Conforme dissera isto, retirou-me o braço da cintura e dirigiu-se a Hermes. Não consegui ouvir a conversa. Mas ele regressou rapidamente dizendo:

- Tenho de me ausentar por momentos a minha mãe Nix e a minha irmã Fantasia chamam-me com urgência.

Ia começar a segui-lo para me ir embora quando ele me diz:

-Não podes vir. As reuniões de Deuses não podem ser presenciadas por mortais.

-E vais deixar-me sozinha? -perguntei eu não querendo que Morpheu se afastasse de mim.

-Não estás só. O meu pai cuidará de ti na minha ausência. Creio que vais apreciar a companhia.

Pela primeira vez notei alguma ironia na voz de Morpheu ao dirigir-me estas palavras. Não lhe respondi.

- É com prazer que tomarei conta da tua protegida -respondeu o seu pai.

- Por favor não deixes que Thanatos se aproxime.

-Fica descansado, ele encontra-se no mundo inferior com Hades e sabe que é Persona non grata no teu reino.

-Mesmo assim, por favor toma cuidado. - Dizendo estas palavras adoptou uma forma alada que o fazia parecer um anjo e partiu na companhia de Hermes.

Estava tão cansada de andar e ensonada, que, depois de Morpheu partir sentei-me no chão macio de nuvens. Hipnos sentou-se ao meu lado. Apesar de ele me transmitir muita calma e serenidade, sentia-me um pouco insegura sem a presença de Morpheu.

-Não te preocupes. Ele volta.

- Também lês os pensamentos? -perguntei enquanto pensava como a sua voz era melodiosa e serena.

-Não. Apenas sinto o desejo de repouso dos mortais. Mas é evidente a tua inquietação. Descansa que Morpheu não abandona os seus protegidos.

Porém não era apenas o facto de Morpheu se ter ausentado que me deixava inquieta.

(continua...)

3 comentários:

sonia disse...

Quando é que editas a historia? E pedes a uma blogueira para ilustrar? Hà uma que "conheço" e tudo!! lol
parabéns!!!!!!
Quem me dera saber exprimir-me assim :(

Carla disse...

A ideia da Sónia é muito boa !!!
Estou a adorar a história !!!!

bjs

Sara V. disse...

Humm... O que será que a inquieta?!
Adorei o capacete com asas... as sandálias... Visualizo da mesma forma por acaso!
Bjs

P.S. - Vês?! Estou a ler direitinho, lol!