14/09/2008

IV Capítulo (1ª parte)-O regresso de Morpheu

-Morpheu!- Gritei espontaneamente sem conseguir esconder o meu contentamento e esquecendo-me por breves momentos da presença de Hipnos. - Contente por me ver? - perguntou Morpheu sorrindo enquanto entrava na água e me tomava nos seus braços. Não pude evitar pensar o quanto desejara este momento, quando Hipnos me carregara ao seu colo. Hipnos e Morpheu trocaram olhares simultaneamente cúmplices e ameaçadores. -Sim, muito. Confesso que por momentos temi que me abandonasses. - Disse olhando para Morpheu sentindo-me de certa forma envergonhada. Morpheu sorriu e olhou para mim. Nesse momento consegui ver estrelas a brilhar nos seus olhos negros que me faziam sonhar. -Não tenciono fazê-lo, a não ser que tu o desejes. Porque há algo que neste momento eu não consigo evitar de fazer... - e dizendo isto beijou-me como nunca o fizera antes. Não consegui reagir apesar de saber que Hipnos estava presente, tinha desejado demais aquele momento para o conseguir evitar. A surpresa da súbita presença de Morpheu e do seu igualmente súbito beijo, deixaram-me desarmada por alguns breves instantes. Tudo se estava a passar rápido demais para mim e eu começava a sentir-me como se nada daquilo se passasse comigo. Mas ao recordar-me de que me encontrava desnuda na cascata e nos braços de Morpheu, ruborizei como se fosse uma adolescente nas suas primeiras experiências amorosas, ao olhar para baixo porém os meus olhos verificaram com surpresa, que não me encontrava desnuda, o meu corpo estava coberto de pequenas flores brancas similares às flores purpúreas dos nenúfares que flutuavam na cascata. O mesmo sucedia com Hipnos e Morpheu. Mais tarde explicaram-me que as ninfas guardiãs da cascata que só apareciam quando queriam, se encarregavam de vestir aqueles que se banhavam nas suas águas para que a nudez, não despertasse sentimentos maliciosos. Recuperada da surpresa, encarei Hipnos que me fitava de rosto de sereno e sério. Respirei fundo e olhando para Morpheu disse: - Morpheu, eu...- e neste momento senti como se tivesse a voz presa na garganta… -Shiuu, não digas mais nada, porque eu sei o que vais falar..-Respondeu-me ele pondo-me suavemente um dedo na boca. -Sabes? -Perguntei um pouco envergonhada sem surpresa, pensando que, devia ter percebido a troca de olhares. -Sim, sei. És minha protegida, não és minha prisioneira. Nem és minha propriedade. És livre de fazeres o que entenderes. Mas preciso de saber se queres ficar ou se queres vir comigo? Percebi que me lera os pensamentos, que sentira a minha confusão. A minha indecisão. Hipnos era a serenidade, a calma, que eu tanto desejava sentir. Morpheu vibrava de vida de energia, de sonhos, de surpresas, era a adrenalina de que precisava para me sentir viva. E ali estava eu uma simples mortal, dividida pelo desejo por dois homens, por dois deuses. Devo dizer que nunca esperara a reacção serena dos dois perante a situação. Foi Hipnos que me interrompeu os pensamentos: -Parte com Morpheu, eu percebo a tua indecisão. Nós os deuses sabemos como o coração humano é caprichoso e nos pode trair ficando dividido entre duas paixões. Não temas, não és um capricho para nenhum de nós. Mas quero que saibas que se partires podes sempre voltar. - Disse estendo-me os braços e tomando as minhas mãos nas suas. Queria percebê-los, mas não conseguia. Em vez de se enfrentarem furiosamente, esperavam com serenidade que eu tomasse uma decisão. Tomar decisões nunca fora o meu ponto forte e nesta situação muito menos, mas sempre que olhava para Morpheu o meu coração acelerava e um sentimento estranho forte e indescritível invadia-me, era algo que nunca sentira antes. Olhei para este e pedi-lhe se podia despedir-me a sós de Hipnos. Morpheu acedeu a meu pedido. -Aguardo-vos na gruta. Pois tenho assuntos a tratar com Hipnos depois de falarem o que tiverem a falar.- Disse ele antes de sair da água e de seguida caminha rumo à gruta de Hipnos. -Não quiseste que Morpheu te lesse os pensamentos? Perguntou-me este último. - Não foi isso, mas talvez seja bom também. Queria agradecer-te por tudo e pedir-te desculpa se alguma forma te magoei. Hipnos tomou-me o rosto entre as mãos e olhando-nos olhos retorquiu: -Não me agradeças, adorei estar contigo. E não me peças desculpa, não fizeste nada para isso.Foste induzida pelo meu desejo. Não posso voltar a pedir-te que fiques, respeito a tua decisão. Mas há algo que queria pedir-te. - O quê? -Apenas se me concedes um beijo de despedida. Ia beijá-lo no rosto, mas ele voltou a tomar o meu rosto nas mãos e beijou-me docemente dando-me aquela sensação de tranquilidade que me fazia sentir bem a seu lado. Afaguei-lhe o rosto que brilhava, reflectindo-se nas águas límpidas da cascata e mais uma vez lhe disse: -Obrigada. -Agora vamos, Morpheu aguarda- nos. Ao sair da cascata ouvi uma voz feminina doce e suave que me sussurrava: “Podes confiar nos sentimentos de ambos, pois nesta cascata os sentimentos são puros e as palavras purificadas pela sua água antes de serem proferidas, mas tem cuidado que deusas há que se sentirão afrontadas por estes deuses te disputarem, bela mortal. Sabemos que também foste pura e sincera. Gaia proteger-te-á se for necessário. Agora vai… Ao chegar à gruta verifiquei que Morpheu não se encontrava só. A sua irmã Fantasia estava com ele. -Creio que já se conhecem. - Apressou-se Morpheu. Fantasia respondeu: -Sim, já a tinha visto, mas só agora reparo na sua beleza. Percebo agora que o meu irmão a tenha auxiliado contra a tirania de Cronos. Fantasia estava ainda mais bela do da última vez que a vira. -Obrigada pelas suas gentis palavras, mas não me comparo a sua beleza. Ela sorriu: -Vejo que vamos ser boas amigas. Venha vamos beber um licor enquanto Hipnos e Morpheu conversam. -Porque não? –respondi curiosa por a conhecer melhor e até porque estava a precisar de distrair um pouco a minha ,mente dos últimos acontecimentos.

2 comentários:

Carla disse...

Desculpa amiga...não tinha reparado que já tinhas vindo de férias...prometo que dentro em breve apareço por cá para me inteirar da continuação da história...

bjs

Pandora disse...

Olá vizinha.Os blogues são um passatempo e não uma obrigação.Passas quando te apetecer e tiveres tempo.Estamos no início do ano escolar e com tantas mudanças este ano vai ser a doer.Olha fui colocada e estou na Amadora a dar aulas, embora com horário incompleto. beijinhos .Eu sei que és uma leitora fiel.