25/01/2009

V Capítulo Filha de Safira 2ª parte

-Eu não te quis magoar Pandora, nem duvidei da tua honestidade. Confesso que queria perceber se não era apenas fascínio que sentias e queria mesmo estar contigo na cascata, só pelo prazer de ter a meu lado. Perdoas-me? A humildade de um deus como Hipnos aplacou a minha ira. - Voltaremos a ver-nos? – Perguntei, mas não tive tempo de obter resposta, pois só me lembro de me sentir tonta e Hipnos segurar-me nos seus braços e de seguida tudo ficou escuro para mim. Quando voltei a abrir os olhos ainda estava meia confusa e via tudo um pouco enublado, de início pensei que ainda estava nos braços de Hipnos, mas era Morpheu quem me carregava ao colo. Pedia-me carinhosamente que não dissesse nada e acariciava-me o rosto com beijos suaves, devagar, calmamente com uma voz serena., como se me quisesse tranquilizar ia explicando: - Desmaiaste na caverna de Hipnos, que logo me chamou em teu auxílio. Não te conseguíamos fazer voltar a ti. Achamos que estás fragilizada por tudo o que tem acontecido, mas que já cá tinhas chegado muito frágil. Mas brevemente te recuperarás Só precisas de comer e repousar. Levou-me aos aposentos do seu palácio onde as paredes eram de cristal mágico, permitindo que víssemos de dentro para fora, mas que ninguém nos conseguisse ver de fora para dentro pois ficavam ofuscados pelo brilho. Morpheu meigamente me pousou na cama nuvem e me aconchegou: - Volto já. Vou pedir que te façam algo para comeres… - Não. -Pedi eu. Fica comigo. Não me deixes só agora. Não quero comer nada agora. -Tens a certeza que não queres comer? Respondi que sim, que só precisava de descansar e senti-lo a meu lado para que eu, me pudesse sentir segura. Queria sentir a beleza do seu olhar, sentir o toque suave do seu corpo perto de mim, o som melodioso da sua voz que me trazia sentimentos contraditórios: ora me serenava, ora me prometia aventuras inconfessáveis. Supliquei-lhe que não deixasse só. Então pegou na sua flauta cujo som mágico me fez sentir uma felicidade imensa e pouco antes de cerrar os olhos, senti o abraço quente e aconchegante de Morpheu e lembro-me de lhe ter dito: - Se isto é um sonho, então eu não quero que ele acabe nunca! Cerrei os olhos e mergulhei num sonho fantástico. Por uma noite nenhum mortal além de mim, sonhou. Contudo quando acordei estava sozinha nas nuvens aconchegantes do palácio de Morpheu. A carruagem de Eos há muito que fizera a sua passagem e Hélios o sol brilhava intensamente iluminando o reino de Morpheu. Chamei-o, mas não obtive resposta. Tentei levantar-me, mas ainda me sentia muito fraca e caí ao andar sobre o chão de nuvens do palácio de Morpheu. Uma dor intensa impedia-me de me levantar. Arrastei-me até a cama e gritei por Morpheu.

07/01/2009

V Capítulo- Filha de Safira

Morpheu quebrou o silêncio com a voz trémula como se sentisse hesitante, desconcertado, desorientado. -Achas que eu não saberia? …. -É possível. Se ela própria não o soubesse…. -Mas alguém me daria a notícia da sua perda ou do seu eventual nascimento, não achas?. -Tu devias saber que nos nossos domínios tudo é possível.. -Aonde pretendes chegar com isto? O que insinuas?. -Nenhum de nós é cego para não ver as semelhanças entre esta tua nova protegida que por acaso tem nome de Deusa, e aquela que em tempos conquistou o teu coração, a Safira…. -Sabes que eu encerrei esse capítulo da minha vida. Perdi Safira para sempre e gostaria que o assunto ficasse por aqui.. -Mas deixa-me terminar, não te intriga que a mãe de Pandora se chamasse Safira e tivesse morrido de doença prolongada?. -Como sabes isso?. -Foi ela própria que me que me contou.. -Isso só quer dizer que provavelmente ela é filha de Safira. Não tem de ser necessariamente minha, nem tua…. - Sabes muito bem que nunca me envolvi com Safira.. No meio desta conversa, até porque já me começava a irritar ignorarem que eu existia, e apesar de não ser nenhuma Deusa , não era surda, decidi interrompê-los:. -Desculpem meus senhores, mas acho que vos posso esclarecer a vossa dúvida. Segundo a minha mãe chamava-se Ícaro e faleceu de acidente quando eu tinha três anos. A minha mãe tinha fotografias dele espalhadas por toda a casa. Como vêem, era simples terem a resposta, bastava perguntarem-me. Agora se sou filha da Safira que vocês conheceram também não vos sei responder.- Ambos se calaram me fitando um pouco envergonhados por falarem de mim como alguns adultos falam das crianças na sua presença, como se as ignorassem.. . Fantasia estava perdida de riso pela figura de patetas que achava que ambos tinham feito.. No entanto embora ambos tivessem pedido desculpa por não me perguntarem. Tornei a ter a impressão de uma estranha troca de olhares entre eles como se algo ainda pudesse não bater certo.. Foi Morpheu quem de novo quebrou o silêncio:. - Está na altura de partir. – estendeu-me a mão e perguntou:. -Sempre vens comigo?. -Sim respondi serenamente, mas gostaria de fazer uma pergunta a sós a Hipnos.. - Então sê breve por favor. – E dizendo isto, Hipnos abraçou Morpheu e Fantasia que saíram de seguida, ficando a aguardar por mim à entrada da gruta.. Nessa altura não consegui conter a raiva que sentia por Hipnos me ter posto à prova:. - Defender-me-ias na Cascata? Ou deixarias que eu morresse? Ou ainda era tua intenção desmascares-me e mostrar a Morpheu o quanto lhe és superior por seres mais esperto do que ele que confiou numa simples mortal como eu? Honestamente qual era a tua ideia, desculpe, a sua ideia, diviníssimo Hipnos? - Perguntei com ironia sentindo uma raiva ainda maior por continuar a sentir aquela atracção magnética, que me fazia desejar jogar-me nos seus braços. Mas a raiva de me sentir traída desta vez impedira-me de me voltar aproximar.. Hipnos baixou os olhos como se estivesse arrependido limitando-se a responder:. -Desculpa, não tinha intenção de te magoar e mesmo que eu estivesse errado sobre ti, proteger-te-ia. Cumpriria a promessa feita a Morpheu. Mas…. -Mas o quê? - Perguntei intrigada e impaciente por saber que Morpheu e Fantasia me aguardavam. (Continua)

22/09/2008

IV Capítulo-O regresso de Morpheu (final de capítulo)

Fantasia parecia voar na sua túnica alva e plissada, as suas formas deixavam adivinhar uma mulher sensual por detrás do tecido ligeiramente transparente. Assim que entrámos no salão pegou num jarro do fabuloso néctar de Dionísio e serviu-se. Perguntou-me se também queria:

-É melhor não. - Respondi eu.

Fantasia sorriu.

-Vejo que temes os efeitos deste licor divino.

-Não propriamente. Apenas acho que no Jantar de ontem, exagerei um pouco e se não for ofensa prefiro um pouco de água.

-Não é qualquer ofensa. -Respondeu-me enquanto me servia um copo de água. Sentou-se e continuou a falar:

-Não vejo Morpheu tão entusiasmado há muitas madrugadas, mas vejo-te apreensiva e sinto-te dividida entre meu pai e meu irmão…

-Eu…- Ia continuar a falar mas Fantasia não me deixou. Outra que lê os pensamentos, pensei para comigo.

-Deves estar a pensar eu leio os pensamentos como Morpheu, mas é pior do que isso, ou melhor, depende do que tu achares. Eu vejo e as tuas vivências e sinto os teus desejos e emoções. Assim que aqui entrei vi o meu pai carregar-te ao colo e beijar-te. Senti as tuas dúvidas sobre Morpheu e a tua atracção por Hipnos.

- Se me permites acho apenas um pouco assustador. Mas se é assim, sabes que os meus sentimentos por ambos são sinceros…

-Sim sei, por isso podes contar comigo como aliada. Mas deixa-me que reforce o aviso da Náiade na cascata. Tem cuidado, despertastes iras em algumas Deusas do nosso mundo, apenas por te verem com Morpheu e sentirem-se afrontadas pela tua beleza. A sua ira crescerá ao perceber que meu pai e meu irmão te desejam.

-Desculpa mas agora preciso mesmo interromper-te. Se foi uma Náiade que me falou na cascata, não corro perigo de morte? Não são ela ninfas guardiãs de água doce, que não gostam que ninguém se banhe nas suas águas?

-Sossega. Tudo o que disseste está correcto. Mas esta cascata é uma excepção. Vou revelar-te um segredo. O meu pai levou-te intencionalmente à cascata, pois queria saber a pureza dos teus sentimentos. É fácil para uma mortal fascinar-se por um Deus, apenas porque ele é um Deus. As ninfas desta cascata só punem aqueles que não são sinceros nos seus sentimentos.

-Isso significa que corria risco de vida na cascata…-Disse, com os meus sentimentos um pouco confusos.

-Sim. Correste. Por outro lado Morpheu ao ver-te viva e repleta de flores na cascata, percebeu que te sentias sinceramente dividida, o que de certa forma o deixou sereno.

-Posso perguntar-te mais uma coisa?

-Podes …

-Morpheu esqueceu Safira?

- Esse foi um assunto proibido durante muito tempo entre nós. Por vezes sentia-o com vontade de tentar resgatar Safira do Hades. Até um dia ele descobrir que isso se tinha tornado impossível

-Sei que não seria fácil. Mas impossível porquê?

-Perséfone convenceu Hades a dar uma segunda oportunidade a Safira de ser feliz, reenviando-a para o mundo dos mortais e ela nunca mais procurou Morpheu. Desde aí Morpheu apenas queria povoar os mortais de sonhos felizes na esperança de a reencontrar um dia. Por isso quando sentiu o teu apelo não hesitou, poderia ser ela.

-Mas não sou…- Respondi intrigada por saber porque continuou a proteger-me depois de perceber que eu não era Safira.

- Não, não és. Porém as semelhanças são muitas quer em beleza, quer na tua voz e forma de estar. Se não tivesse a certeza, diria que estava na presença de Safira. Se fosses a sua alma renascida ele e eu saberíamos.

-E eu que significo para ele?

Fantasia transformou-se numa pequena, nuvem, de seguida voltou à sua formou e rodeou-se de um arco-íris que a envolvia, de seguida numa árvore repleta de flores coloridas, por fim voltou à sua forma inicial com um riso límpido e sonoro que transmitia uma felicidade imensa.

-Tudo aquilo que viste e sentiste. Vida, alegria, cor. Felicidade. És o sonho que o Deus dos sonhos ainda não conseguiu sonhar. O sonho do amor.

De repente ouvimos as vozes de Hinos e Morpheu alteradas.

-Pedi-te que a afastasses de Thanatos e levaste-a à Cascata sabendo que ao primeiro erro cometido em pensamento as ninfas o chamariam!

- Não estejas a ser infantil Morpheu. Mesmo que isso tivesse acontecido eu tê-la –ia defendido de Thanatos. Esqueceste-te de que é meu irmão gémeo e nunca me traiu.

-Mas traiu Safira e já não sei se teve a tua ajuda.

-O ciúme fala por ti. Mesmo depois de Pandora ter decidido partir contigo. Pediste-me que tomasse conta dela e a protegesse. Foi o que eu fiz. Se não confias em mim porque a deixaste comigo?

- Confiei. Mas não volto a confiar. Nunca pensei que pusesses em risco dessa forma.

Consegui dominar o impulso de ir espreitar o que se passava. Mas não consegui evitar uma expressão constrangida enquanto ouvia a altercação dos dois. Fantasia encolhia os ombros e dizia-me para não lhes dar importância. Brevemente aquilo passava. Um não conseguia existir sem o outro.

-Acho que deves partir. Devo de ir falar com Nix. Devias-te preocupar mais com outras coisas. Cronos está enfurecido, por teres auxiliado Pandora. Ele não tem poder no teu reino. Mas outros deuses têm o poder de cá entrar e têm poder no teu reino. Mais uma coisa. Tens a certeza que Safira não teve nenhuma filha tua?

Fantasia olhou para mim como se quisesse ver a resposta. Pela primeira conseguira-a ver surpreendida e intrigada.

Um incómodo silêncio invadiu o refúgio de Hipnos.

14/09/2008

IV Capítulo (1ª parte)-O regresso de Morpheu

-Morpheu!- Gritei espontaneamente sem conseguir esconder o meu contentamento e esquecendo-me por breves momentos da presença de Hipnos. - Contente por me ver? - perguntou Morpheu sorrindo enquanto entrava na água e me tomava nos seus braços. Não pude evitar pensar o quanto desejara este momento, quando Hipnos me carregara ao seu colo. Hipnos e Morpheu trocaram olhares simultaneamente cúmplices e ameaçadores. -Sim, muito. Confesso que por momentos temi que me abandonasses. - Disse olhando para Morpheu sentindo-me de certa forma envergonhada. Morpheu sorriu e olhou para mim. Nesse momento consegui ver estrelas a brilhar nos seus olhos negros que me faziam sonhar. -Não tenciono fazê-lo, a não ser que tu o desejes. Porque há algo que neste momento eu não consigo evitar de fazer... - e dizendo isto beijou-me como nunca o fizera antes. Não consegui reagir apesar de saber que Hipnos estava presente, tinha desejado demais aquele momento para o conseguir evitar. A surpresa da súbita presença de Morpheu e do seu igualmente súbito beijo, deixaram-me desarmada por alguns breves instantes. Tudo se estava a passar rápido demais para mim e eu começava a sentir-me como se nada daquilo se passasse comigo. Mas ao recordar-me de que me encontrava desnuda na cascata e nos braços de Morpheu, ruborizei como se fosse uma adolescente nas suas primeiras experiências amorosas, ao olhar para baixo porém os meus olhos verificaram com surpresa, que não me encontrava desnuda, o meu corpo estava coberto de pequenas flores brancas similares às flores purpúreas dos nenúfares que flutuavam na cascata. O mesmo sucedia com Hipnos e Morpheu. Mais tarde explicaram-me que as ninfas guardiãs da cascata que só apareciam quando queriam, se encarregavam de vestir aqueles que se banhavam nas suas águas para que a nudez, não despertasse sentimentos maliciosos. Recuperada da surpresa, encarei Hipnos que me fitava de rosto de sereno e sério. Respirei fundo e olhando para Morpheu disse: - Morpheu, eu...- e neste momento senti como se tivesse a voz presa na garganta… -Shiuu, não digas mais nada, porque eu sei o que vais falar..-Respondeu-me ele pondo-me suavemente um dedo na boca. -Sabes? -Perguntei um pouco envergonhada sem surpresa, pensando que, devia ter percebido a troca de olhares. -Sim, sei. És minha protegida, não és minha prisioneira. Nem és minha propriedade. És livre de fazeres o que entenderes. Mas preciso de saber se queres ficar ou se queres vir comigo? Percebi que me lera os pensamentos, que sentira a minha confusão. A minha indecisão. Hipnos era a serenidade, a calma, que eu tanto desejava sentir. Morpheu vibrava de vida de energia, de sonhos, de surpresas, era a adrenalina de que precisava para me sentir viva. E ali estava eu uma simples mortal, dividida pelo desejo por dois homens, por dois deuses. Devo dizer que nunca esperara a reacção serena dos dois perante a situação. Foi Hipnos que me interrompeu os pensamentos: -Parte com Morpheu, eu percebo a tua indecisão. Nós os deuses sabemos como o coração humano é caprichoso e nos pode trair ficando dividido entre duas paixões. Não temas, não és um capricho para nenhum de nós. Mas quero que saibas que se partires podes sempre voltar. - Disse estendo-me os braços e tomando as minhas mãos nas suas. Queria percebê-los, mas não conseguia. Em vez de se enfrentarem furiosamente, esperavam com serenidade que eu tomasse uma decisão. Tomar decisões nunca fora o meu ponto forte e nesta situação muito menos, mas sempre que olhava para Morpheu o meu coração acelerava e um sentimento estranho forte e indescritível invadia-me, era algo que nunca sentira antes. Olhei para este e pedi-lhe se podia despedir-me a sós de Hipnos. Morpheu acedeu a meu pedido. -Aguardo-vos na gruta. Pois tenho assuntos a tratar com Hipnos depois de falarem o que tiverem a falar.- Disse ele antes de sair da água e de seguida caminha rumo à gruta de Hipnos. -Não quiseste que Morpheu te lesse os pensamentos? Perguntou-me este último. - Não foi isso, mas talvez seja bom também. Queria agradecer-te por tudo e pedir-te desculpa se alguma forma te magoei. Hipnos tomou-me o rosto entre as mãos e olhando-nos olhos retorquiu: -Não me agradeças, adorei estar contigo. E não me peças desculpa, não fizeste nada para isso.Foste induzida pelo meu desejo. Não posso voltar a pedir-te que fiques, respeito a tua decisão. Mas há algo que queria pedir-te. - O quê? -Apenas se me concedes um beijo de despedida. Ia beijá-lo no rosto, mas ele voltou a tomar o meu rosto nas mãos e beijou-me docemente dando-me aquela sensação de tranquilidade que me fazia sentir bem a seu lado. Afaguei-lhe o rosto que brilhava, reflectindo-se nas águas límpidas da cascata e mais uma vez lhe disse: -Obrigada. -Agora vamos, Morpheu aguarda- nos. Ao sair da cascata ouvi uma voz feminina doce e suave que me sussurrava: “Podes confiar nos sentimentos de ambos, pois nesta cascata os sentimentos são puros e as palavras purificadas pela sua água antes de serem proferidas, mas tem cuidado que deusas há que se sentirão afrontadas por estes deuses te disputarem, bela mortal. Sabemos que também foste pura e sincera. Gaia proteger-te-á se for necessário. Agora vai… Ao chegar à gruta verifiquei que Morpheu não se encontrava só. A sua irmã Fantasia estava com ele. -Creio que já se conhecem. - Apressou-se Morpheu. Fantasia respondeu: -Sim, já a tinha visto, mas só agora reparo na sua beleza. Percebo agora que o meu irmão a tenha auxiliado contra a tirania de Cronos. Fantasia estava ainda mais bela do da última vez que a vira. -Obrigada pelas suas gentis palavras, mas não me comparo a sua beleza. Ela sorriu: -Vejo que vamos ser boas amigas. Venha vamos beber um licor enquanto Hipnos e Morpheu conversam. -Porque não? –respondi curiosa por a conhecer melhor e até porque estava a precisar de distrair um pouco a minha ,mente dos últimos acontecimentos.

09/08/2008

Depois da Férias vem o 4ºCapítulo

Queria ter deixado aqui o 4º capítulo que finalmente já saiu do forno mas o meu computador não colaborou e algumas coisas ficaram por retocar ,Por isso só depois das férias. Recados Para Orkut - RecadosOnline.com

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06/08/2008

Títulos para os capítulos

Aceitam-se sugestões para títulos para os capítulos já publicados da história de Morpheu!

31/07/2008

Capítulo III (fim de capítulo)

Nix a rainha da noite retirara, o seu escuro manto de estrelas dando lugar a claridade suave do rasto de Ea a aurora que, iniciava o seu passeio pelo universo despertando-me. Acordei com uma sensação de um enorme peso na consciência, como se tivesse feito algo de errado, mas não sabia bem o quê. Ainda me senti meio zonza e as pálpebras permaneciam persistentemente cerradas.

Quando finalmente venci a resistência das minhas pálpebras abri os olhos, estranhei o local onde me encontrava. Não eram as nuvens aconchegantes dos aposentos de Morpheu, mas era igualmente confortável o leito em que repousava. Aos poucos fui recordando os acontecimentos. A partida súbita e urgente de Morpheu com Hermes. A impossibilidade de o seguir. O tom de ironia na voz de Morpheu ao deixar-me na companhia de Hipnos.

Hipnos! Meu Deus! Estava na casa de Hipnos! O jantar. O vinho. O abraço dourado de Hipnos, o seu beijo e aquela divina sensação de prazer antes de finalmente adormecer. O que é que eu tinha feito? O que é que tinha acontecido? Sentia-me confusa como se sentisse que tinha traído Morpheu. E Morpheu onde estava? Porque não regressava? Tinha de admitir que sentia sua falta. Tentava afastar da minha mente os sentimentos de culpa por não ter resistido a Hipnos, mas não conseguia. Por outro lado sentia-me como se o próprio filho de Hipnos me tivesse atirado para os seus braços. Começava a sentir-me mal comigo própria. Era nos braços de Morpheu que eu desejava ter caído, mas a presença de Hipnos não me era indiferente.

De repente ocorreu-me que tudo isto não passava de um sonho idiota. Belisquei-me e esbofeteei-me para ver se acordava, mas a única coisa aconteceu foi ouvir a voz de Hipnos visivelmente divertido perguntar-me:

- A noite foi assim tão má? Ou tens mau despertar?

Um pouco engasgada consegui responder:

-Não. Apenas tentava acordar e voltar para o meu mundo.

-Dessa forma jamais o conseguirás. – Respondeu Hipnos com um ar circunspecto. Apenas o verdadeiro e sincero desejo de regressares te levarão de volta ao teu mundo a que chamas real. Mas devo dizer-te que este mundo é tão real como o teu.

- Mas eu quero voltar para o meu mundo. -Respondi convicta de que teria resultados, porém permaneci junto a Hipnos.

- Porque não consigo? - Perguntei derrotada.

-Pelo mesmo motivo que pediste auxílio a Morpheu, não desejas ser escrava de Cronos.

-Por falar em Morpheu, o que lhe aconteceu? Porque não regressa?

- As reuniões dos Deuses podem demorar. E Morpheu deve ter ido distribuir a sua magia por alguns mortais. Mas não deve tardar. O facto de seres sua protegida não te obriga a partir com ele. Se quiseres podes ficar.– Disse enquanto me pegava na mão.

-Se decidires partir com ele compreenderei e respeitarei a tua decisão. Agora vem, deves querer comer algo.

Conduziu-me de novo ao salão onde jantáramos na noite anterior e deliciei-me com as mais deliciosas frutas. Depois de ter saciado o apetite, não resisti a perguntar, como se chamava a protegida de Morpheu que fora traída por Thanatos. Hipnos que até aí permanecera calado respondeu-me:

-Safira. - Espero ter-te satisfeito a tua curiosidade.

-Não pode ser! Não pode ser! é muita coincidência -respondi como se falasse para mim. –Safira era o nome da minha mãe que falecera de doença prolongada após ter perdido as forças para lutar. Não era um nome muito comum, era demasiada coincidência.

-Vejo que o nome te diz algo.- Comentou Hipnos inquisitivo.

-Sim. - respondi. - Era o nome de minha mãe.

Hipnos nada disse limitou-se a olhar-me em silêncio, depois tomou a minha mão entre as suas e perguntou-me:

-Já decidiste se queres ficar ou partir com Morpheu? Ele deve estar prestes a chegar.

Desta vez quem ficou em silêncio por uns momentos fui eu. Uma parte de mim queria ficar. Outra parte de mim desejava Morpheu.

Hipnos pareceu perceber a minha indecisão.

-Não precisas responder já. Anda vamos dar um passeio, enquanto pensas.

Poucos passos andámos e surge-me a visão deslumbrante de uma cascata de águas límpidas e convidativas.

Vendo o meu olhar de admiração e desejo, perguntou-me:

-Queres nadar na cascata?

-Nadar numa cascata parece-me agradável. Não pensei que se fizesse algo como isso por aqui. –Respondi agradecida por ele respeitar o meu silêncio.

-Tens muito que aprender sobre o nosso mundo. -Disse Hipnos rindo com gosto

Dirigimo-nos para a cascata para irmos nadar. Por entre rochas que pareciam feitas de cristal brotavam águas límpidas e transparentes num cenário envolvido da mais verde vegetação que os meus olhos alguma vez viram. As águas formavam uma lagoa convidativa onde flutuavam uma espécie de nenúfares purpúreos. Nem a minha mais fértil imaginação podia conceber um lugar tão belo, tão paradisíaco como aquele. Hipnos antes de entrarmos nas águas da cascata advertiu-me:

-Esta é a Cascata da Purificação. Só poderás entrar se não ostentares qualquer peça de vestuário sobre o teu corpo, caso contrário, as tuas vestes conspurcarão as suas águas puras e despertarás a ira de Gaia. - Seguidamente despiu-se e entrou na água.

Ainda hesitei por momentos, depois pensei que seria uma idiota se não entrasse naquela cascata divina. Desnudei as vestes que trazia e mergulhei enquanto pensava que se aquele lugar era o paraíso e eu estava morta, não me parecia assim tão mau. Mal pusera cabeça fora de água e nem abrira ainda os olhos, quando ouço em tom espirituoso uma melodiosa voz familiar:

- Vejo que és teimosa, já te disse que não estás morta. Posso juntar-me a vocês?

26/07/2008

III Capítulo (1ª parte) Na companhia de Hipnos

Seguimos caminho por entre prados verdejantes cobertos de papoilas até encontramos algo semelhante uma caverna que aparentava ser escura e húmida. Tinha um ar sombrio, mas confesso que pela primeira vez desde que ali estava, começava a sentir fome e frio. Não sei, se de receio, se de cansaço. Porque demoraria tanto Morpheu? Sentia a sua falta, mas ao mesmo tempo temia que me tivesse desprezado, pelos meus pensamentos ao ver Hipnos. Contudo a sua preocupação comigo, não condizia com uma atitude de desprezo.

-Entra que ficarás surpreendida. - Disse Hipnos com um brilho sereno no olhar.

De facto mal atravessara o limiar da caverna, verifiquei que o seu interior era digno de um palácio mais rico rei de todos os reis. Atravessámos um salão enorme cujo tecto era uma imensa abóbada de vidro de onde podíamos ver as estrelas do manto Nix. O chão parecia também de vidro e ao olharmos para baixo víamos papoilas e prados por entre nuvens. Entramos noutro salão onde sobre uma enorme mesa se encontravam todo o tipo de manjares.

Hipnos convidou-me a sentar-me a seu lado. Sabia que era uma enorme honra para uma mortal. Ele próprio me servia uma travessa do mais delicioso dos manjares acompanhado do verdadeiro néctar de Dionísio. Depois de me sentir saciada e até porque com o cansaço o néctar de Dionísio parecia começar a surtir efeito sobre mim pedi:

-Então sempre posso saber porque Morpheu receia que Thanatos se aproxime, se dizes que aqui ele não tem poder?

-Sabes quem é Thanatos – perguntou-me.

-Sim. Posso dizer que é o mensageiro da morte...

-De facto podes dizê-lo. Em tempos que já lá vão Morpheu disputou o amor de Perséfone com Hades, mas este último venceu com ajuda de Thanatos que se queria vingar de Morpheu. Enquanto Morpheu povoar os mortais de sonhos, Thanatos nunca cumprirá os seus caprichos a seu bel-prazer.

-E o que aconteceu a Pérsefone? – Eu conhecia a versão da história contada pelos mortais, mas agora queria saber a verdade dos deuses.

-É rainha ao lado do Hades pois comeu a romã.

Nisto olhei para a mesa temendo se teria comido romã sem me aperceber. vi que nenhuma se encontrava sobre a mesa. Hipnos percebeu o meu olhar e apenas respondeu:

-Se um dia comeres os bagos da romã para mim, será por tua vontade e não por minha.

-Desculpa. -Disse eu, sentindo uma certa vergonha do meu receio.

-Fica descansada, eu compreendo os teus receios. - E continuou a contar o que sucedera.

- Morpheu teve de se conformar em não poder mais conquistar o amor de Perséfone. Até que um dia decidiu por capricho contra Cronos auxiliar uma mortal como tu. As vossas parecenças são mesmo mais do que muitas. No entanto ela tinha perdido confiança nos humanos e em si própria, e apesar das juras de Morpheu e deste a tratar como uma rainha, ela duvidava do amor de Morpheu e das suas intenções. Achava que Morpheu a iludia e deixou de acreditar nos sonhos. Icelus começou a importuná-la na ausência de Morpheu e quando Morpheu regressava, ela convencida de que era obra do próprio Morpheu rejeitava-o. Até um dia este assistir ao que se passava, e impedir que Icelus a voltasse a importunar. Morpheu disse-lhe que Eros tinha razão ao dizer que sem confiança o amor não existia e retirou-se magoado.

Ela arrependida de não ter acreditado nele caiu no desespero e quis tentar reconquistá-lo. Hera prometeu ajudá-la se ela lhe fizesse um único favor. Pedia-lhe que descesse ao Hades e pedisse a Pérsefone um pouco da sua beleza para entregar a Hera. Era impossível para uma mortal voltar do Hades sem auxílio de um Deus e no seu desespero entregou-se aos braços de Thanatos que a seduziu.

Morpheu pressentiu o perigo pois ainda a amava, mas tarde demais, pois esta entregara a sua alma ao Hades em troca do amor e perdão de Morpheu que Thanatos lhe prometera. Só quando percebeu que tinha saído traída gritou por Morpheu, mas era tarde demais. Nessa noite Morpheu e Thanatos discutiram violentamente e Morpheu perseguiu Thanatos, salvando todas as almas mortais de quem este se aproximava. Depois conseguiu que Zeus lhe retirasse poder nos domínios de Morpheu, pois não o pode proibir de entrar, uma vez que eu e ele somos irmãos gémeos. Thanatos prometeu vingar-se, mas o poder de Morpheu e a sua influência junto de Zeus é grande.

– Então se Thanatos não tem poder no reino de Morpheu, o que ele teme?

-Teme que ele te possa seduzir, num momento de fraqueza como o fez com a sua última protegida, e sobre a tua vontade Morpheu não tem poder.

Cerrei um pouco os olhos de cansaço

-Queres repousar?

-Sim. Gostaria.

Levanta-te e segue-me. Entrámos noutro salão onde só se encontrava uma enorme cama coberta de suaves lençóis e de umas cortinas de um azul celeste translúcido que deixavam adivinhar um repouso deleitado naquele leito. Junto da cama apenas se encontrava uma enorme lira que ao olhar de Hipnos começou por si só a tocar uma suave melodia.

Sentia-me zonza com o vinho a que chamara licor de Dionísio, ao mesmo tempo que me sentia confusa por ter tido dúvidas em relação a Morpheu. Estava um pouco receosa, não hesitei em perguntar:

-Aqui estarei segura?

Ao que Hipnos se acercou de mim e me tomou nos braços enquanto me deitava e dizia:

-Confia em mim. Não te trairei. Aqui estás segura. Consegues confiar em mim?

Lembro-me de ter pensado ainda " Morpheu, porque não és tu a carregar-me ao colo, porque me atiras nos braços de Hipnos? "Enquanto respondia:

- Não tenho outra escolha senão confiar. – E entreguei-me ao abraço dourado de Hipnos, que sorrindo afagou-me meigamente e só me lembro de sentir uma enorme sensação de prazer e fechar os olhos.

18/07/2008

II Capítulo (final de capítulo)

- Da tua beleza. Tens uma beleza digna de uma Deusa. Acho que Morpheu se encantou pela tua beleza e não é para menos. - Conforme dizia estas palavras Hipnos afagava-me o rosto, desenhando-o com os seus dedos. O seu toque era sereno. A seu lado não sentia a segurança que sentia com Morpheu, nem aquela sensação de ter surpresas a qualquer momento, mas sentia-me tranquila e serena com Hipnos.

- Que estranho! - Disse eu - Pensava que dormir era estar ao lado do Deus do sono e afinal aqui estou eu, ao seu lado e nem quero dormir.

Hipnos não conseguiu evitar de rir.

- Como estão iludidos os mortais. São apenas poderes que nós temos. O facto de ser o Deus do sono significa tenho o dom de fazer dormir e repousar quem precisar, mas também que posso usar o sono eterno para me defender dos meus inimigos. Não significa que perante a minha presença se tenha necessariamente que dormir.

Estava tão maravilhada com a presença de Hipnos, sentia-me tranquila na sua companhia, que nem me apercebi que Morpheu tardava em voltar.

De repente a luz começava a desaparecer e aos poucos uma escuridão semelhante à noite começava a cobrir parte do reino.

- Aqui também anoitece?

-Sim. Quando a rainha do escuro manto de estrelas, estende o seu manto. Este cobre grande parte do Universo.

- Quem?

-Nix a rainha da noite. É melhor nos recolhermos.

- E Morpheu como nos encontrará?- Perguntei eu.

- Não te preocupes. Ele saberá onde nos encontrar. Basta que ele pense em ti que te encontrará.Deves querer comer alguma coisa?

- Sim. Confesso que com tudo isto me saberia bem saborear um jantar.

-Então vem comigo. És minha convidada. Morpheu parece demorar...

De repente lembrei-me das palavras do meu protector, da preocupação de Morpheu que Thanatos se aproximasse de mim, o temor assolou-me a mente.

-Para onde? Thanatos não vive contigo?

- Sim. Mas podes ficar descansada. Thanatos não se aproximará de ti. Ele vive comigo nos campos elísios. Mas não habita a minha morada no reino de Morpheu.

Sentia-me abandonada por Morpheu. Confiei nas palavras de Hipnos e segui-o. Este pegou-me pela mão e percebendo a minha inquietação tentou serenar-me:

-Não te preocupes. Nada de mal te acontecerá.

- Responde-me só a mais uma pergunta. Qual o motivo da preocupação de Morpheu com Thanatos?

Os olhos de Hipnos não conseguiram esconder alguma consternação com a minha questão. Porém respondeu-me:

- É uma longa história, mas descansa que Thanatos só tem poder fora dos domínios de Morpheu e a minha morada ainda pertence aos domínios de Morpheu.

- O que aconteceu? – Perguntei receosa e curiosa.

- Contar-te-ei tudo enquanto comermos. Agora vem.

16/07/2008

II Capítulo (3º parte)

Inquietava-me a ironia na voz de Morpheu, a sua preocupação que Thanatos se aproximasse de mim. Estaria morta e ele não me queria dizer? Estudara que o rio Letes passava junto do reino de Hades, o reino dos mortos. E lembrava-me de termos passeado junto às suas margens. Seria que tudo era tão belo e sereno como eu via, ou tudo era uma ilusão gerada por Morpheu pois este dissera que isto era o sonho que eu escolhera. Hipnos interrompeu-me a torrente de pensamentos e interrogações que iam na minha mente:

- Em que pensas?

-Desculpa esqueci-me que, não lês pensamentos. Estou morta? – Perguntei sem levantar o olhar. Hipnos sorriu.

- Não. Acredita. Este é o reino de Morpheu e és sua protegida. Morpheu não tem qualquer poder sobre os mortos ou sobre o seu reino. Temes que ele te iluda? -respondeu Hipnos irradiando um brilho dourado que pareciam raios de sol a emanar dos seus cabelos doirados.

- Sim. Ele é Morpheu o deus dos sonhos criador de ilusões. Eu sou apenas uma entre tantas mortais. Se não estou morta porque é que estou aqui? O que levaria um Deus a auxiliar uma mera mortal como eu?

- Os Deuses são caprichosos. É um capricho de Morpheu. Mas não penses que és a primeira mortal que Morpheu auxilia. Ele gosta de mostrar o seu poder perante Cronos. Quanto ao resto terás de perguntar a Morpheu. Pois este costuma assumir as formas desejadas pelas mortais, mas perante ti, mostrou-se como é. Por isso se criou alguma ilusão foi para te proteger. E consigo perceber porque correu em teu auxílio.

-Não tinhas dito por capricho? Para mostrar o seu poder a Cronos? - Disse eu com uma ponta de ironia.

Hipnos sorriu.

-Não tens consciência pois não?

-De quê? -perguntei sem perceber onde queria chegar.

14/07/2008

II Capítulo (2ª parte)

Sabia que Morpheu me lia os pensamentos, mas não conseguia evitar de pensar em como tudo me espantava naquele sítio. Não conseguia evitar a minha admiração e atracção pela beleza de Hipnos. Quando este se aproximou de nós, uma estranha calma se apoderou de mim tal como uma enorme vontade de me atirar para os seus braços. Morpheu permanecia a meu lado segurando-me pela cintura. Por outro lado sentir o seu toque no meu corpo lembrava-me o quanto eu me sentia bem com ele.

- Bem vinda- disse Hipnos.

-Obrigada – respondi enquanto pensava como este, com os seus olhos e cabelos doirados, me fazia lembrar o brilho do sol. Bocejei e senti-me sonolenta. Não resisti a perguntar:

-Tenciona adormecer-me? – Hipnos sorriu. O seu sorriso era tão belo como o de Morpheu

-Não. Só o farei se tu quiseres. Nada aqui será feito contra a tua vontade. Se Morpheu te acolheu como sua protegida nada farei contra ti. Mas é comum, as pessoas sentirem-se um pouco ensonadas na minha presença. - respondeu sem deixar de sorrir.

Sorri e respondi:

- Ainda bem. Sim tem razão. Deve ser comum uma simples mortal como eu sentir-se ensonada na sua presença. Mas apenas por ter o dom de nos adormecer. Não me parece que seja pela sua presença nos aborrecer.

Enquanto conversávamos vi chegar um jovem que usava um capacete com asas na cabeça, calçava sandálias aladas e na mão trazia um bastão em torno do qual se entrelaçam duas serpentes e cuja parte superior é adornada com asas. Consegui reconhecer Hermes, com algum temor. Afinal este era o mensageiro dos Deuses e aquele que acompanhava as almas até ao Hades. Mas logo Morpheu me dissipou os temores:

-Não temas. Hermes vem falar comigo. - Conforme dissera isto, retirou-me o braço da cintura e dirigiu-se a Hermes. Não consegui ouvir a conversa. Mas ele regressou rapidamente dizendo:

- Tenho de me ausentar por momentos a minha mãe Nix e a minha irmã Fantasia chamam-me com urgência.

Ia começar a segui-lo para me ir embora quando ele me diz:

-Não podes vir. As reuniões de Deuses não podem ser presenciadas por mortais.

-E vais deixar-me sozinha? -perguntei eu não querendo que Morpheu se afastasse de mim.

-Não estás só. O meu pai cuidará de ti na minha ausência. Creio que vais apreciar a companhia.

Pela primeira vez notei alguma ironia na voz de Morpheu ao dirigir-me estas palavras. Não lhe respondi.

- É com prazer que tomarei conta da tua protegida -respondeu o seu pai.

- Por favor não deixes que Thanatos se aproxime.

-Fica descansado, ele encontra-se no mundo inferior com Hades e sabe que é Persona non grata no teu reino.

-Mesmo assim, por favor toma cuidado. - Dizendo estas palavras adoptou uma forma alada que o fazia parecer um anjo e partiu na companhia de Hermes.

Estava tão cansada de andar e ensonada, que, depois de Morpheu partir sentei-me no chão macio de nuvens. Hipnos sentou-se ao meu lado. Apesar de ele me transmitir muita calma e serenidade, sentia-me um pouco insegura sem a presença de Morpheu.

-Não te preocupes. Ele volta.

- Também lês os pensamentos? -perguntei enquanto pensava como a sua voz era melodiosa e serena.

-Não. Apenas sinto o desejo de repouso dos mortais. Mas é evidente a tua inquietação. Descansa que Morpheu não abandona os seus protegidos.

Porém não era apenas o facto de Morpheu se ter ausentado que me deixava inquieta.

(continua...)

11/07/2008

Nos reino de Morpheu II Capítulo (1.ª parte)

Conforme o segui, vi uma mulher bela, que irradiava uma aura de luz junto de si. Por momentos temi:

-É a tua esposa?

De novo aquele riso que, me enchia alma ecoou no ar:

- É a minha irmã Fantasia. Nem sempre ela é tão bela. Por vezes assume formas estranhas de acordo os vossos pensamentos.

-Nossos?

-Sim de acordo com o que vós mortais desejais ver ou pensais que existe. Ela costuma-me ajudar a cumprir os vossos desejos de sonhos.

-Isto é tão belo. Tão sereno…-respondi-lhe

Morpheu, sem nunca largar a minha mão, perguntou-me:

- Tens medo de partir? - Quis fitá-lo, não consegui. A sua beleza ofuscava-me a vista – continuou:

- Ou tens de medo ficar? - E nesse instante envolveu-me nos seus braços pela cintura. As ideias atropelavam-se na minha mente. Aquilo só podia ser um sonho ou um pesadelo, mas era tão real. Morpheu lançou uma gargalhada sonora e disse:

- Claro que estás sonhar. Afinal, encontras-te refugiada no meu reino. Só que este sonho foste que tu escolheste e não eu. - Sorriu. Eu fiquei ainda mais baralhada e assustada por sentir tão grande fascínio perante ele. Então perguntei-lhe:

- Quer dizer que a qualquer momento acordo e tudo isto se desvanece?

Morpheu sorriu enigmático e respondeu:

- Não, exactamente...

Fiquei à espera do resto da resposta, mas ele limitou-se a sorrir e disse

- Segue-me sem medo, sairás do meu reino quando tu quiseres, mas isso é mais complicado do que possas imaginar. Lembra-te que não és minha prisioneira e sim de Cronos. Eu limitei-me aceder ao teu pedido de auxílio. Agora vou mostrar-te o meu reino.

A esta altura já tinha percebido que só falava porque queria, pois Morpheu lia-me os pensamentos. Mas eu sentia-me segura ao ouvir a sua voz. Nisto sorriu e olhou-me de novo:

-Sim. Leio os pensamentos. Só dessa forma posso enviar os sonhos que os humanos pretenderem. Mas, só consigo fazer isso, àqueles que acreditam nos sonhos. Caso contrário o meu irmão Icelus pode interferir.

-Aquele que nos traz os pesadelos?

-Sim. vejo que nos conheces. Porque me pediste auxílio? Icelus importunou-te?

-Por vezes importuna. Não foi por isso. Nem sei porque foi. Nem sei como o fiz. Estudo a vossa História.

O sorriso de Morpheu mais uma vez lhe emoldurou o rosto:

- Estudam aquilo que nós pretendemos que vós humanos acreditassem

. -Como assim? Não és Morpheu?

- Sim. Mas nem tudo acontece como está descrito nos livros. Supostamente eu viveria deitado em uma cama de ébano, dentro de uma caverna escura cercado de papoilas. Não é?

-Não me recordo.

-É natural. Estamos a passear junto ao rio Letes. É melhor afastarmo-nos.

-Rio Letes?

-Sim o rio do esquecimento. O qual atravessarás quando quiseres partir do meu reino.

Conforme nos afastámos, um jovem tão belo como Morpheu passou ao longe a correr e acenou.

-É outro dos teus irmãos?

-Não, é o meu pai Hipnos. - Disse sem sorrir. Vi o brilho afastar-se dos olhos de Morpheu.

Nunca pensara que Hipnos fosse tão belo, além de que o supunha no seu eterno sono. Mas pareceu-me que a minha admiração pela beleza de Hipnos causara alguma apreensão em Morpheu, pois este que, até aí se mantera afastado, voltou a envolver-me com o seu braço na minha cintura, como se quisesse que eu permanecesse junto dele. (continua)

29/06/2008

Nos braços de Morpheu -1ºcapítulo-Prisioneira de Cronos

O Tempo fez-me sua prisioneira e deu-me tarefas inacabáveis a cumprir, com a promessa de me devolver a liberdade quando eu as terminasse. Mas o corpo dói-me, pesa-me de cansaço. A cabeça pende, e a insónia contraria os olhos e o corpo, que pedem para descansar, para ganharem novas forças, e enfrentarem o desafio do Tempo. Rendo-me e entrego-me? Não. Peço a protecção de Morpheu que me carrega no seu colo e me traz sonhos de luz e esperança.

Sei que a minha caixinha tem permanecido fechada e poucos são os segredos que saem da caixa, mas cada vez é mais exíguo o tempo que tenho para os revelar. Não deixe de abrir a caixa quem sabe um dia recomeçam as novidades na caixa de Pandora, até lá as Parcas mantém o fio da minha vida a ser tecido em velocidades maiores daquelas para que eu estava preparada.

Morpheu chama por mim. Sussurra-me segredos inconfessáveis e envolve-me nos seus braços feitos de sonho e fantasia. Sigo-o inebriada, conquistada. Sigo-o docilmente. E de repente sou criança novamente. Sinto o aconchego do seu colo. Um suave afagar no rosto, como se das mãos da mãe ao despedir-se do filho se tratasse. Sinto-me protegida no seu ninho quente e ardente. Desculpem, gostava de continuar, mas não posso porque Morpheu me chama e me aguarda na cama.

Acordei rodeada de nuvens estava assustada e um pouco atónita. Morpheu acercou-se e afagou-me o rosto. Com uma voz incrivelmente suave disse-me: -descansa está segura, no meu reino de sonho. Cronos aqui não te perseguirá! “. Olhei tudo em meu redor os lençóis eram suaves envolventes, o próprio colchão envolvia-me o meu corpo dando-me vontade de permanecer. A claridade era suave e amena, apenas entrecortada pelas nuvens que parece descrever um bailado no ar. Fitei Morpheu, não me peçam para descrever o seu rosto. Sei que era belo, muito belo e sereno. Perguntei-lhe: "- Sou tua prisioneira?" – Morpheu sorriu e respondeu: -Não, és como todos os humanos, prisioneira de Cronos o Deus do Tempo. Não te lembras mas invocaste a minha ajuda e eu acedi a teu pedido. Ficarás no meu reino o tempo que a tua vontade te permitir. Cronos não tem poder no meu reino". Levantei-me, mas era como se todo o chão fosse composto de almofadas suaves, poderia dizer que andava nas nuvens. Um pensamento aflitivo ocorreu-me: Estarei morta? Uma gargalhada sonora de Morpheu ecoou no ar: "Não, fica descansada, estás mais viva do que pensas, és apenas minha hóspede no reino do sonho. Nisto estendeu-me a mão e disse-me vem! Ao longe consegui distinguir Orpheu tocando uma bela melodia enquanto entoava louvores á fantasia...

26/06/2008

No reino de Morpheu

Quando deixei esta caixinha estava a escrever uma história com este título que vou recomeçar.Mas para já eu vou para os braços de Hipnos e para o colo de Morpheu.

20/06/2008

FRAUDE CIBERNÉTICA É CRIME...E O ASSUNTO DEVE SER ASSIM TRATADO!!!

Este post vem a propósito dos últimos acontecimentos nos babyblogs. Concordo com o que a Raquel e a Mary dizem em algumas coisas , mas noutras não. Se me seguem há algum tempo sabem que não sou pessoa de entrar em pânico e desatar a retirar as fotos e privatizar posts ou os blogs.Quando o criei foi para mim, para quem o quisesse ler e trocar ideias com outras mães. Por isso aqui vou dizer o que penso.Se querem proteger os vossos filhos assim tanto que retiram todas as fotos dos blogs, então deixem de frequentar parques infantis. Sim, daqueles com baloiços e escorregas ou outros onde se reúnem crianças para brincar.Está comprovado que é dos sítios mais perigosos que existem, e onde se encontra o maior número de pedófilos em público. Se entram em pânico porque alguém teve a honestidade de lhes pedir autorização para usar fotos dos vossos filhos tendo ainda a honestidade de dizer o fim a que se destinava, não tenham blogs, mesmo sem fotos estão expor-se, existem meios de descobrir de onde somos através do IP dos nossos computadores e outros meios que os especialistas de informática conhecem. Não conversem sobre vocês ou sobre os vossos filhos na rua, (pois é muito fácil retirar-se informações importantes a partir de uma conversa banal. Um dia explico-vos como isso se faz é a coisa mais simples do mundo. Éo mesmo método que usam para assaltar casas de férias.Trabalhei num estabelecimento prisional e é espantoso como isso é simples de fazer.) Pura e simplesmente fiquem em casa, não saiam, deixem que o medo vos controle, e não façam nada contra quem faz fraudes aproveitando-se da boa fé dos outros! Desculpem a ironia,masw sou contra o facto de deixar que omedo nos controle a vida. Quem me segue há algum tempo sabe quer tive uma situação complicada no Jardim da Estrela que podem ler aqui. Algumas pessoas deixariam de lá ir, eu respeito, mas não ia fazer isso à minha filha fiquei a pensar quantas vezes já não teria acontecido sem que eu me apercebesse.Apenas redobrei ainda mais se é possível o cuidado. Umas das coisas que comecei a fazer a partir daí foi postar fotos actualizadas da minha filha, o que não fazia até então pois postava apenas fotos desactualizadas como medida de segurança. Contra-senso? Não. Se alguém que eu desconheço fotografou a minha filha sem me pedir autorização, pode não ter boa intenção.Se eu postar fotos da minha filha há muito gente boa que lê este blog e a reconhecerá se aparecer noutro sítio, poderão dizer-me. Acho excelente a ideia da marca de água nas fotos. Experimentei o Photoscape e é simples.Foi com ele que fiz isto. Acho que devemos aprender com as situações não deixá-las passar em branco e esquecer. Aprendemos que há pessoas de má fé, como em todo o lado, também há na internet,mas na rua, no trabalho no jardim. Aprendemos que há pessoas que se aproveitam da boa fé das outras para proveito próprio ou outros. Aprendemos que não é privatizar um blog que dá segurança pois algumas pessoas com blogs privados deixaram de boa fé que essa pessoa entrasse nos eus blogs,na sua intimidade.Algumas até msn deram. Por tudo isto acho que devemos aprender com o assunto e não esquecer até um dia alguém o voltar a fazer com mais cuidado para não se descobrir. Concordo com tudo o que a Mary do Baby booms e a Raquel do Clube Mamy disseram que pode ser,mas também pode não o ser. Acho que deve ser feita queixa de fraude cibernética às entidades competentes.Para que se mostre que o mundo dos Babyblogs não é uma comunidade de "galinhas chocas" ou "Gansas" como eu, mas um mundo de mães orgulhosa dos seus fihos e com unhas e garras para os proteger que vão agir e não se vão esconder. Já aqui tinha deixado um aviso do IAC sobre não fazer correntes sobre crianças desaparecidas. Eu não participarei em mais corrente nehuma de solidariedade da qual não estiver 100% certa da sua veracidade. Eu vou tentar informar-me como se pode fazer queixa e quem contactar, se mais alguém o quiser fazer acho óptimo.Darei notícias assim que puder. Não vamos ficar paradas ,vamos agir. FRAUDE CIBERNÉTICA É CRIME...E O ASSUNTO DEVE SER ASSIM TRATADO!!! E UM GRANDE APLAUSO PARA TODOS OS BABYBLOGS 100% VERDADEIROS E GENUÌNOS.NINGUÈM NOS VAI PARAR! Publicado no meu blog de mamã no sapo "Cronicas de uma mãe atrapalhada" a propósito do blog falso da Constança.