Conforme o segui, vi uma mulher bela, que irradiava uma aura de luz junto de si. Por momentos temi:
-É a tua esposa?
De novo aquele riso que, me enchia alma ecoou no ar:
- É a minha irmã Fantasia. Nem sempre ela é tão bela. Por vezes assume formas estranhas de acordo os vossos pensamentos.
-Nossos?
-Sim de acordo com o que vós mortais desejais ver ou pensais que existe. Ela costuma-me ajudar a cumprir os vossos desejos de sonhos.
-Isto é tão belo. Tão sereno…-respondi-lhe
Morpheu, sem nunca largar a minha mão, perguntou-me:
- Tens medo de partir? - Quis fitá-lo, não consegui. A sua beleza ofuscava-me a vista – continuou:
- Ou tens de medo ficar? - E nesse instante envolveu-me nos seus braços pela cintura. As ideias atropelavam-se na minha mente. Aquilo só podia ser um sonho ou um pesadelo, mas era tão real. Morpheu lançou uma gargalhada sonora e disse:
- Claro que estás sonhar. Afinal, encontras-te refugiada no meu reino. Só que este sonho foste que tu escolheste e não eu. - Sorriu. Eu fiquei ainda mais baralhada e assustada por sentir tão grande fascínio perante ele. Então perguntei-lhe:
- Quer dizer que a qualquer momento acordo e tudo isto se desvanece?
Morpheu sorriu enigmático e respondeu:
- Não, exactamente...
Fiquei à espera do resto da resposta, mas ele limitou-se a sorrir e disse
- Segue-me sem medo, sairás do meu reino quando tu quiseres, mas isso é mais complicado do que possas imaginar. Lembra-te que não és minha prisioneira e sim de Cronos. Eu limitei-me aceder ao teu pedido de auxílio. Agora vou mostrar-te o meu reino.
A esta altura já tinha percebido que só falava porque queria, pois Morpheu lia-me os pensamentos. Mas eu sentia-me segura ao ouvir a sua voz. Nisto sorriu e olhou-me de novo:
-Sim. Leio os pensamentos. Só dessa forma posso enviar os sonhos que os humanos pretenderem. Mas, só consigo fazer isso, àqueles que acreditam nos sonhos. Caso contrário o meu irmão Icelus pode interferir.
-Aquele que nos traz os pesadelos?
-Sim. vejo que nos conheces. Porque me pediste auxílio? Icelus importunou-te?
-Por vezes importuna. Não foi por isso. Nem sei porque foi. Nem sei como o fiz. Estudo a vossa História.
O sorriso de Morpheu mais uma vez lhe emoldurou o rosto:
- Estudam aquilo que nós pretendemos que vós humanos acreditassem
. -Como assim? Não és Morpheu?
- Sim. Mas nem tudo acontece como está descrito nos livros. Supostamente eu viveria deitado em uma cama de ébano, dentro de uma caverna escura cercado de papoilas. Não é?
-Não me recordo.
-É natural. Estamos a passear junto ao rio Letes. É melhor afastarmo-nos.
-Rio Letes?
-Sim o rio do esquecimento. O qual atravessarás quando quiseres partir do meu reino.
Conforme nos afastámos, um jovem tão belo como Morpheu passou ao longe a correr e acenou.
-É outro dos teus irmãos?
-Não, é o meu pai Hipnos. - Disse sem sorrir. Vi o brilho afastar-se dos olhos de Morpheu.
Nunca pensara que Hipnos fosse tão belo, além de que o supunha no seu eterno sono. Mas pareceu-me que a minha admiração pela beleza de Hipnos causara alguma apreensão em Morpheu, pois este que, até aí se mantera afastado, voltou a envolver-me com o seu braço na minha cintura, como se quisesse que eu permanecesse junto dele. (continua)
4 comentários:
Acredita...estou a gostar imenso...fico à espera...
Bjs e bom fim de semana
Bom a novela tà a ser fantàstica...o gajo jà tà com ciumes de ela poder vir a gostar mais do pai que dele...hm!!
lol
Minha amiga, a beleza da escrita permanece mas o interesse aumenta.
Gosto dos pormenores lendários/históricos. Enriquecem o texto por demais!
Por acaso, imagino-os (a Hipnos e Morpheu) belos, bem desenhados, atléticos e de cabelo ondulado... Acho que ando a ver muitas estátuas:)
Bjs
Olha que eu já não resisto a ler mais um capitulo....bjs
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